[Mac-BR] A VERGONHA!

Evandro Vieira Ouriques evandro.vieira.ouriques em gmail.com
Domingo Novembro 16 04:03:36 PST 2014


Querido Luciano,
grato por suas palavras,
comento-as:

> Bom, a sociedade brasileira está organizada como uma democracia
> representativa.
> Ou seja, estruturada na eleição de representantes.
> Os representantes são eleitos pelos cidadãos.
>
> Por enquanto! O PT quis enfiar goela abaixo o decreto soviete: 8243!
>


> Cabe observar a inexistência de qualquer reação contra o fato da presença
> e crescimento da representação empresarial, seja industrial e comercial (um
> dos exemplos é o Sistema S), em todos os níveis da Federação e atuando em
> todas as dimensões da vida social. Ao mesmo tempo sabemos da imensa perda
> de conquistas sociais obtidas no século passado, quando na luta contra o
> avanço do comunismo a mentalidade capitalista reconheceu importantes
> direitos trabalhistas, econômicos e sociais, bem como foi levada a aceitar
> taxas de tributação mais altas para os mais ricos. O que, como sabemos,
> acabou após a queda do Muro de Berlim: o novo “grande inimigo” deixou de
> ser o comunismo e passou a ser o Estado Social, e os direitos anteriormente
> reconhecidos foram e continuam a ser suprimidos pela correspondente
> privatização das políticas de saúde, educação, segurança, energia, água,
> mobilidade, etc. É importante ressaltar que quando modelos
> neo-desenvolvimentistas (baseados no fortalecimento da indústria, comércio,
> emprego, salários, etc.; como o do Governo do PT) incomodam os anseios da
> mentalidade neoliberal (focado no rentismo das finanças, juros altos,
> dívida interna e externa, desemprego, corte de salários, etc.; como o do
> Governo do Aécio), o fantasma do “comunismo” ressurge, como no Brasil na
> reação à re-eleição de Dilma Roussef e em relação a avanços conexos na
> América Latina, como é o caso do Decreto 8243.
> Sintomático que a capacidade do povo expressar-se está na Constituição:
> “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
> eleitos ou diretamente”, como reza o parágrafo único do Art. 1º da
> Constituição Federal de 1988, e em especial o Título VIII, “Da Ordem
> Social”, que estabelece várias formas de participação, sendo que o Art.
> 204, ao tratar da assistência social, define especificamente diretrizes
> para a descentralização político-administrativa e a participação popular na
> formulação de políticas públicas setoriais. Como sabemos, está prevista
> pela Constituição a instalação de quinze tipos de conselhos, diferenciados
> por sua inserção normativa, vinculação, atuação, composição, competência e
> natureza, e inúmeros deles funcionam rotineiramente, sendo que de parte
> deles depende o repasse de recursos financeiros da União e dos estados e de
> outros a avaliação de instituições públicas. Como sublinha Venício Lima, "é
> interessante observar que os oligopólios de mídia lideram a reação
> conservadora: “golpe contra a democracia”, “devastadora desconstrução da
> democracia”, “decreto suspeito”, “bolivarismo” e “chavismo” são algumas das
> acusações ao decreto.  (...)   Não há novidade na reação da grande mídia. O
> liberalismo que sempre afirma defender só é democrático no papel e ela tem
> apoiado sofismas historicamente utilizados para justificar a exclusão e a
> marginalização de importantes segmentos da população brasileira do
> exercício republicano da democracia.   Mas há, sim, uma especificidade que
> une a mídia e as diretrizes constitucionais da descentralização
> político-administrativa e da participação popular. Desde a CF88, elas têm
> sido interditadas no campo da comunicação social.   Em dezembro de 1991,
> foi sancionada a Lei nº 8.389, que regulamentou o Art. 224 da CF e
> instituiu o Conselho de Comunicação Social (CCS). Apesar de ser apenas um
> órgão auxiliar do Congresso, o CCS teve sua instalação postergada por onze
> anos, até 2002. Instalado, funcionou durante quatro e ficou inativo de
> dezembro de 2006 até julho de 2012, quando foi reinstalado de forma
> polêmica e com uma composição distorcida, favorecendo a representação
> empresarial.   Por outro lado, desde a promulgação da CF, obedecendo ao
> princípio constitucional da simetria, nove das 26 Constituições estaduais –
> Alagoas, Amazonas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Rio de
> Janeiro e Rio Grande do Sul – e a Lei Orgânica do Distrito Federal
> incluíram em seus textos a criação dos Conselhos Estaduais de Comunicação
> Social (Cecs).   Apesar de várias iniciativas tomadas nessas dez unidades
> da Federação para regulamentar o que está previsto em suas respectivas
> Constituições, até hoje os Cecs somente funcionam nos estados da Bahia e de
> Alagoas, e neste de maneira precária e limitada.   A formidável resistência
> histórica dos oligopólios de mídia impede, há mais de 25 anos, que normas
> da CF88 e de Constituições estaduais sejam cumpridas no campo da
> comunicação social.   O mesmo O Estado de S. Paulo publicou editorial, em
> 2010, no qual afirmava:    As tentativas de controlar os meios de
> comunicação no Brasil podem ser abertas ou camufladas. (...) A Assembleia
> Legislativa do Ceará aprovou, por unanimidade, o projeto de uma deputada
> petista que institui no estado um Conselho de Comunicação Social. (...) O
> pretendido conselho cearense (...) quer fiscalizar os meios de comunicação
> do estado, criar condições para a "democratização" da informação e orientar
> a distribuição das verbas publicitárias estaduais considerando a "qualidade
> e pluralismo" da programação dos órgãos da mídia eletrônica. (...) Para o
> diretor executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Ricardo
> Pedreira, a proposta é "obscurantista, autoritária e inconstitucional".
> "Quem deve controlar os veículos de comunicação deve ser a sua audiência",
> argumenta. "Não cabe a nenhum órgão do Estado exercer esse papel”.    Não é
> de surpreender, portanto, que os oligopólios tradicionais da velha mídia
> liderem a reação conservadora. Autodenominados defensores da democracia,
> rejeitam qualquer interferência popular direta na formulação,
> acompanhamento e avaliação das políticas públicas referentes às concessões
> do serviço público de radiodifusão. Temem que o Decreto nº 8.243 faça a
> prática da democracia participativa chegar à comunicação social, o que, até
> hoje, têm conseguido interditar." É decisivo lembrar que a Rainha Elizabeth
> II recentemente, seguindo o mesmo caminho da Argentina, Equador e
> Venezuela, assinou legislação que regula a mídia britânica sem que ninguém
> no Reino Unido tivesse a insensatez de dizer que ela seria censora,
> comunista ou bolivariana. Isso acontece aqui na América Latina, fundada no
> saque, e cuja mentalidade permanece graças a uma mídia extremamente
> concentrada na mão de poucas pessoas interessadas no que conhecido
> capitalismo financeiro, este outro nome do neoliberalismo acima citado;



>  Como no Brasil ainda é possível o financiamento empresarial de campanhas,
>
nas eleições que acabaram de ocorrer dez empresas financiaram
> as campanhas de 70% dos candidatos eleitos para o Congresso.
>
> Que mal há nisso? Desde que seja às claras! Qual seria a alternativa: lei
> Falcão revista, ou financiamento via estatais? A "presidenta" voou em
> campanha com o nosso dinheiro a bordo do Air Force 51(boa idéia!)
>

O "mal" disso é que as empresas controlam o Parlamento, e como elas são
movidas pelo lucro, que as controla em sua tão comum desvalorização de
qualquer outra consequência que não os "lucros"?

>
> No caso da Petrobras, 13 empreiteiras estão comprometidas até o pescoço,
>
> Poderia colocar dessa maneira: o crupiê do cartel era o tesoureiro do PT,
> com o auxílio luxuoso  de toda a base aliada do governo. Querer imputar às
> empreiteiras todo o dolo do ocorrido é inocência!
>
> Luciano, por gentileza, onde vc viu eu imputar todo o dolo à empreiteiras?
> Só estou mostrando que o dolo delas é obscurecido pela mesma mídia a que me
> referi acima. Exemplo? Aquela edição da Veja antecipada para manipular o
> segundo turno, toda feita sobre uma denúncia, ignorando o Estado de
> Direito, que prevê denúncia, apuração, julgamento e condenação. Quando se
> "condena" alguém com base em que outro alguém disse alguma coisa dela
> recuamos para antes do Direito Moderno, e isto pode acontecer com qualquer
> um, inlcusive com vc mesmo.
>
> e por isso terão que pagar multas, veja, só, apenas multas...,
> assim como caso do Metrô de São Paulo, em relação a qual a Siemens
>
> Zé Dirceu e Genuíno deram um golpe branco no Brasil e estão em casa de
> licença!
>
> Sim, estão, e em nenhum momento vc encontrará nenhum elogio ou
solidariedade minha a eles. Aliás o que vc encontrará em meus artigos e
falas é uma crítica sistemática ao PT, mas não pelas razões de externalizar
para ele a origem e a exclusividade da corrupção. Trata-se de um país e de
um sistema que tem a corrupção na alma, e o mais fácil é encontrar um judas
para malhar. E os que têm a maior responsabilidade do processo estão sempre
protegidos e a corda, ah como conhecemos esta expressão, estoura no elo
mais fraco... e a mídia entoa: "É Ele!" e todos repetem... É ele!"... e a
"consciência" é aliviada até o dia seguinte, quando surge outro judas
enquanto quase todos continuam a praticar a corrupção.

> foi quem, fez delação premiada.
> Portanto o problema nµao é dos "governantes".
> É bem mais complexo do que isso.
> O problema é da cultura brasileira, da mentalidade de saque com a qual
> foi formada este país que ainda está se construindo como Nação.
>
> Nisso eu concordo plenamente! A esquerda brasileira que assumiu o país
> prometendo mundo e fundos, ética e honestidade,
> falhou completamente! E com "louvor".
>
Eu não diria que falhou "completamente". E se em alguma coisa ela falhou
"completamente" foi em seguir a cartilha liberal, apenas ajustando-a do
neoliberalismo (este mesmo que vem devastando de maneira descarada os EUA e
a Europa desde 2008, e mostrando o lhe move desde Tatcher e Reagan)  para o
neodesenvolvimentismo.

> Os impostos são, portanto, re-apropriados por grupos empresariais
> e por quem trabalha para eles.
> E a mídia, que pertence a estes mesmo grupos, oferece como judas
> para ser espancado os "políticos", os "governantes".
>
> A mídia ganha pelo que não publica! Está toda, sem exceções, comprometida
> com a verdade que é uma só:
> o gordo orçamento das publicidades de estatais! Sem contar o discurso
> único de esquerda tirando a oportunidade do contraditório. Vejam só, o PSDB
> - aquele do Serra da AP - é considerado de direita!? Corremos o risco de
> termos em 2022 as eleições polarizadas entre o psol e o pco! Sendo o psol
> reacionário!!!!!!
>

Ah, sei, o problema é que são estatais, se fossem privadas estaria tudo
bem...

>
> E as pessoas dão um tiro no pé atacando a única maneira que eles
> têm de mudar a mentalidade reinante: o voto e a vigilância.
>
> Concordo também, mas com o Tofoli lá? Suspeição é pouco! É entregar o
> aquário para o gato cuidar!
>

Em termos de entregar o aquário ao gato o insano é entregar as políticas
sociais ao neoliberalismo, pois a mobilidade dos capitais à busca de mais
remuneração não combina com políticas sociais que demanda pensar a médio e
longo prazo.

>
> Caso contrário o que temos é a barbárie.
> Que está espalhada pelo mundo, e pelo Brasil.
>
> Estão seguindo a cartilha de Gramsci e Marcuse. Quem sabe chegam lá!
>

Essa eu não entendi. E olha que eu não sustento nem a mentalidade da
direita nem a da esquerda, nem o comunismo, nem o socialismo e nem o
capitalismo, pois meu trabalho está centrado a partir de que a crise
ecológica comprovada em 72 pelo 1º Relatório do Clube de Roma demandou uma
nova visão, pois a contradição migrou da relação capital-trabalho para a
relação cultura-natureza.

>
> Um bom dia, com amor, e a alegria da gratidnao, e.
>
>
> Igualmente! Com respeito discordo, mas não perco a admiração pelo
> professor.
>

Muito grato pela bondade querido Luciano!
Tenha um lindo Domingo!

>
> Abraços,
>
> Luciano
>
>
> *Prof. Dr. Evandro Vieira Ouriques*
> *Coordenador, NETCCON.ECO.UFRJ*
> Núcleo de Estudos Transdiciplinares de Psicopolítica e Consciência
> *Supervisor de Pesquisas de Pós-Doutorado, PACC.FCC.UFRJ*
> Programa Avançado de Cultura Contemporânea
> *Vice-Coordenador do GT Comunicación y Estudios Socioculturales, ALAIC *
>
> Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación
> *Membro da Cátedra Ignacio Sachs*
> Núcleo de Estudos do Futuro.PUC.SP
> *Acadêmico Correspondente da AGLP*
> Academia Galega da Língua Portuguesa
> <http://www.pacc.ufrj.br/pos-doutorado/equipe-2/>http://w
> <http://www.evandrovieiraouriques.com/>ww.evandrovieiraouriques.com.br
> http://www.pacc.ufrj.br/pos-doutorado/equipe-2/
> http://ufrj.academia.edu/EvandroVieiraOuriques
> @EvandroOuriques
> skype: evandrovieiraouriques
>
> Em 14 de novembro de 2014 07:27, " Rudimar J. Serves" <
> rudimac em terra.com.br> escreveu:
>
>> EXATAMENTE!
>>
>> <palhaco.jpg>
>>
>> Em 13/11/2014, à(s) 18:18, Adriano Merhere Moreira <adrianomm em icloud.com>
>> escreveu:
>>
>> Na minha opinião no Brasil não estamos precisando de manifestações, mas
>> sim uma revolução .
>> Enforcar governantes em praça pública e etc. No estilo revolução francesa
>> e outras.
>> Voto aqui não muda nada , infelizmente .
>> Mas ...
>>
>> Adriano
>>
>> Enviado do meu iPhone
>>
>> Em 13/11/2014, às 17:57,  Rudimar J. Serves <rudimac em terra.com.br>
>> escreveu:
>>
>>
>> VIAJAR! É preciso…
>>
>> [image: preco-iphone-6-brasil-comparado-outros-paises]
>>
>> []’s
>>
>> <unknown_2.gif>
>>
>>
>>  Rudimar J. Serves
>> rudimac em terra.com.br
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